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Surgimento da dor emocional pela ativação dos esquemas desadaptativos e estratégias de regulação

  • Foto do escritor: Dr. Edgar H. Neto
    Dr. Edgar H. Neto
  • 2 de out.
  • 6 min de leitura

Todo esquema tem como núcleo uma dor emocional. Nem sempre ela aparece de forma clara ou intensa no momento da ativação.


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A dor emocional é um tipo de sofrimento interno que surge quando passamos por perdas, rejeições, frustrações ou situações que nos fazem sentir inseguros, sozinhos ou incapazes. Diferente da dor física, ela não aparece no corpo, mas é sentida de forma intensa na mente e no coração, trazendo sentimentos como tristeza, medo, ansiedade, raiva, vergonha ou culpa. Na Terapia do Esquema, por exemplo, essa dor está ligada a experiências da infância em que necessidades básicas de afeto, segurança e acolhimento não foram atendidas, deixando marcas que podem se reativar na vida adulta.

Terapia do Esquema: o que é?

A Terapia do Esquema é uma abordagem da psicologia criada por Jeffrey Young que combina elementos da terapia cognitivo-comportamental, da psicanálise, da teoria do apego e de outras escolas terapêuticas. Seu foco é identificar e tratar os chamados esquemas desadaptativos iniciais – padrões de pensamentos, emoções e comportamentos formados geralmente na infância, quando necessidades emocionais básicas não foram atendidas. Esses esquemas podem gerar dificuldades em relacionamentos, autoestima, controle emocional e escolhas de vida. Na prática, a Terapia do Esquema ajuda a pessoa a compreender suas feridas emocionais, reconhecer como elas influenciam o presente e desenvolver formas mais saudáveis de lidar com os desafios, promovendo autoconhecimento, mudança e qualidade de vida.


O que são Esquemas?

De forma simples, esquemas são padrões de pensamentos e sentimentos que se formam, em geral, na infância, a partir das experiências que tivemos com nossos cuidadores e com o mundo. Eles funcionam como “lentes” pelas quais interpretamos a vida. Quando as necessidades emocionais básicas — como carinho, segurança, aceitação e limites — não são atendidas, surgem os chamados esquemas desadaptativos, que nos fazem reagir de maneira exagerada, dolorosa ou prejudicial nas relações e no dia a dia. Em outras palavras, os esquemas são como marcas emocionais que influenciam a forma como sentimos, pensamos e agimos ao longo da vida.


Quando os esquemas são ativados geram dores emocionais?

Quando um esquema é ativado, ele geralmente desperta uma dor emocional ligada a experiências passadas em que necessidades importantes, como amor, segurança ou aceitação, não foram atendidas. Essa dor pode aparecer de forma direta, em sentimentos de tristeza, medo, raiva ou vergonha, ou de forma indireta, através de comportamentos de esquiva, rendição ou tentativas de compensar o sofrimento. Em outras palavras, os esquemas carregam feridas emocionais do passado que, ao serem reativadas no presente, fazem a pessoa reviver aquele sofrimento, mesmo em situações diferentes daquelas que o originaram.


Exemplos dos esquemas que mais geram dores emocionais.

Os esquemas desadaptativos são responsáveis por dores emocionais intensas que muitas vezes nos acompanham desde a infância. O esquema de Abandono faz a pessoa sentir medo constante de ser deixada de lado, trazendo solidão e insegurança; o esquema de Privação Emocional gera a dor de acreditar que nunca receberá amor, atenção ou cuidado suficientes; o esquema de Fracasso provoca vergonha e desânimo, levando a pensar que nunca será capaz de ter sucesso; já o esquema de Desconfiança/Abuso desperta medo e raiva, como se os outros sempre fossem machucar ou trair; o esquema de Defectividade/Vergonha faz a pessoa sentir que há algo errado com ela, alimentando culpa e baixa autoestima; enquanto o esquema de Dependência/Incompetência traz a dor de acreditar que não consegue enfrentar a vida sozinha, gerando ansiedade e insegurança. Esses e outros esquemas mostram como antigas feridas emocionais podem se reativar no presente, influenciando nossas relações e nossa forma de viver.


Estratégias de regulação desadaptativa: o que não fazer.

Quando a dor de um esquema é ativada, é comum tentarmos lidar com ela de formas desadaptativas, mas essas estratégias acabam reforçando ainda mais o sofrimento. Não devemos, por exemplo, evitar situações que despertam a dor (esquiva), pois fugir de relacionamentos, responsabilidades ou experiências novas apenas mantém a ferida ativa e impede a cura. Também não é saudável se render ao esquema, aceitando passivamente crenças negativas como “ninguém nunca vai me amar” ou “eu sou um fracasso”, porque isso aprisiona a pessoa em ciclos de tristeza, culpa e desvalorização. Da mesma forma, compensar em excesso — tentando provar a todo custo o contrário do que se sente, seja buscando perfeição, controle exagerado ou relacionamentos de dependência — gera exaustão e afastamento das pessoas. Essas formas de lidar com a dor emocional só aumentam o peso do esquema, perpetuam padrões destrutivos e nos mantêm presos ao passado, ao invés de abrir espaço para transformação, autocompaixão e mudanças reais.


Estratégias de regulação saudável: o que fazer.

Quando a dor de um esquema é ativada, a forma mais saudável de lidar com ela é reconhecer o que está acontecendo, em vez de negar, fugir ou se culpar. É importante acolher a emoção, dar nome ao que se sente e entender que essa dor tem origem em experiências antigas, não necessariamente na situação atual. Outra estratégia é questionar os pensamentos do esquema, buscando evidências reais que mostrem que a crença não corresponde à realidade de hoje, abrindo espaço para novas interpretações mais equilibradas. Também é essencial praticar o autocuidado e a autocompaixão, tratando-se com gentileza e respeitando os próprios limites. Além disso, fortalecer vínculos saudáveis, conversar com pessoas de confiança e, quando necessário, contar com o apoio de um psicólogo ajuda a desenvolver recursos internos para regular as emoções de forma construtiva. Assim, em vez de alimentar padrões de sofrimento, a pessoa aprende a transformar sua dor emocional em oportunidade de crescimento e mudança positiva.


Como lidar de forma saudável com a dor dos esquemas

  1. Reconheça a emoção Perceba quando o esquema está ativo e dê nome ao que você sente — tristeza, raiva, medo, vergonha. Reconhecer é o primeiro passo para não ser dominado pela dor.

  2. Acolha sem se julgar Permita-se sentir sem se criticar. A dor emocional é uma resposta natural, não um sinal de fraqueza.

  3. Questione os pensamentos do esquema Pergunte a si mesmo: “Essa crença realmente faz sentido hoje?” ou “Tenho provas de que isso é sempre verdade?”. Esse exercício ajuda a enfraquecer as distorções criadas pelo esquema.

  4. Pratique o autocuidado Cuide do corpo e da mente com pequenas atitudes que trazem bem-estar, como respirar fundo, caminhar, escrever sobre o que sente ou ouvir música relaxante.

  5. Busque vínculos saudáveis Converse com pessoas de confiança, compartilhe seus sentimentos e permita-se receber apoio e carinho. Relações saudáveis ajudam a curar feridas antigas.

  6. Conte com ajuda profissional Em muitos casos, a orientação de um psicólogo é fundamental para compreender os esquemas em profundidade e aprender novas formas de enfrentamento.


A Terapia do Esquema (TE) e a Terapia Comportamental Dialética (DBT)

Ambas terapias têm em comum o fato de ajudarem as pessoas a lidar com dores emocionais profundas e padrões de comportamento que atrapalham a vida. A DBT foca em ensinar habilidades práticas para o presente, como controlar emoções intensas, melhorar os relacionamentos e evitar atitudes impulsivas, trazendo mais equilíbrio para o dia a dia. Já a Terapia do Esquema busca ir além: ela investiga a origem dessas dores emocionais, geralmente ligadas à infância, e trabalha para transformar os padrões negativos (esquemas) que se repetem na vida adulta. Em outras palavras, a DBT ensina como lidar com a dor agora, enquanto a Terapia do Esquema ajuda a curar a raiz dessa dor.


A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) nesse contexto?

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a Terapia do Esquema (TE) e a Terapia Comportamental Dialética (DBT) compartilham a ideia de que os pensamentos e emoções influenciam nossos comportamentos, mas cada uma atua em níveis diferentes. A TCC é considerada a base: ela ajuda a identificar e modificar pensamentos automáticos e crenças distorcidas que causam sofrimento no presente, sendo muito eficaz para sintomas como ansiedade e depressão. A Terapia do Esquema vai mais fundo, buscando entender de onde vêm essas crenças e trabalhando os padrões emocionais formados desde a infância que continuam se repetindo. Já a DBT surgiu para casos de emoções extremamente intensas e dificuldade de controle, trazendo um foco especial no ensino de habilidades práticas de regulação emocional, tolerância ao estresse e relacionamentos. Em resumo: a TCC atua nas crenças e pensamentos atuais, a Terapia do Esquema trata os padrões emocionais de longa duração, e a DBT ensina estratégias de sobrevivência para lidar com a dor no dia a dia.


Comparação entre TCC, DBT e Terapia do Esquema


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Conclusão

Com base em tudo o que vimos, podemos concluir que lidar com a dor emocional é um desafio comum a todos nós, mas existem diferentes caminhos terapêuticos que ajudam nesse processo. A Terapia Cognitivo-Comportamental oferece ferramentas para identificar e mudar pensamentos que alimentam o sofrimento no presente, enquanto a DBT ensina habilidades práticas para controlar emoções intensas e agir de forma mais equilibrada no dia a dia. Já a Terapia do Esquema vai além, investigando a origem dessas dores em experiências passadas e transformando padrões emocionais que se repetem ao longo da vida. Cada abordagem tem seu valor e pode ser escolhida de acordo com as necessidades de cada pessoa. O mais importante é entender que a dor emocional não precisa ser enfrentada sozinha: buscar ajuda psicológica é um passo fundamental para transformar feridas em aprendizado, desenvolver novas formas de enfrentamento e construir uma vida mais leve, saudável e significativa.

Gostou desse artigo? Está precisando da ajuda de um profissional? Você pode estar agendando sua primeira consulta conosco. Nós podemos te ajudar com os nossos vários protocolos de tratamento, dependendo do seu caso em específico. A nossa psicoterapia trabalhará suas dores.


Dr. Edgar H. Neto é Psicólogo Clínico e Neuropsicólogo.

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